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quinta-feira, 18 de maio de 2017

A violência doméstica no Masculino



Das mais de 26 mil vítimas de violência doméstica em Portugal que pediram ajuda no ano passado, cerca de 15,5% são homens, segundo números oficiais da Direcção-Geral da Administração Interna, referidos nesta segunda-feira durante a apresentação de um estudo universitário sobre o tema. A psicóloga Andreia Machado, da Universidade do Minho aplicou um inquérito cujos resultados indicam que embora 70% dos inquiridos afirmem ter sido vítimas de um comportamento abusivo nos últimos 12 meses, apenas 9% deles se afirmem vítimas de violência. Ainda existe uma relutância masculina em se admitir ser vítima de violência e o preconceito social é o principal motivo.
O inquérito incidiu sobre indivíduos de sexo masculino com mais de 18 anos e com relações heterossexuais. 60% dos inquiridos admitiu ser vítima de agressões psicológicas com impacto para a sua saúde mental, mas apenas 23% procurou ajuda. Destes, 83% relatam que os profissionais das forças de segurança “nada ajudaram”. Para Andreia Machado, o estudo da violência contra os homens está no patamar em que estava o estudo da violência contra as mulheres nos anos 70. A “feminização do fenómeno e a invisibilidade de outras faces do problema” conduz a que esta seja uma violência ainda não reconhecida socialmente no nosso país. Socialmente mas não só.
A psicóloga foi uma das oradoras presentes no seminário-debate As outras faces da violência doméstica, promovido pela Associação de Apoio à Vítima (APAV). João Paiva foi uma voz activa apresentando um caso de violência doméstica, o seu. “As pessoas desatam-se a rir na nossa cara, mesmo quem está destacado na esquadra para tratar de assuntos de violência doméstica”, disse. Para esta testemunha na primeira pessoa, quando um homem pretende apresentar queixa por violência, é quase certo que esbarra num “comportamento estranho”. Diz ser necessário lutar contra a invisibilidade e a passividade das forças de segurança e da justiça e afirma ser difícil avançar-se para formalizações de processos. A razão, no seu entender, é uma: “sou homem”.

Fonte:  https://www.publico.pt/2013/11/18/sociedade/noticia/155-das-vitimas-de-violencia-domestica-sao-homens-1613002


Este é um assunto extremamente delicado, mas faço questão de o tentar abordar.
Todos os dias lido com homens, todos diferentes, mas muitos iguais num ponto: são continuamente agredidos pela esposa/namorada/companheira e nem se apercebem da sua situação!

Como referido, e bem, no artigo, a violência que as mulheres exercem é mais psicológica/emocional que física. (Embora também o ocorra... Não consigo olvidar o relato de uma amiga que fazia voluntariado na APAV e me contou a história de um homem. Para não ser específica direi apenas que era alguém que praticava desporto. A esposa agredia-o fisicamente, pois sabia que ele seria incapaz de revidar! Contava ela (a minha amiga) que a imagem de um homem adulto (e grande) a chorar, pois ama muito a esposa e sabe que se lhe der um estalo que seja a deixa em muito mau estado. Não faço ideia de como terminou a história... Mas é o retrato de uma realidade minoritária.)

Infelizmente a sociedade portuguesa vive baseada no negativismo. Desde pequenos que em vez de nos louvarem os feitos, nos criticam os defeitos. É preciso uma grande força interior para sair do marasmo do "não vales nada", "não fazes nada correctamente", "és um incapaz". É que, por norma, quem critica não nos mostra soluções! E na mesma ficamos: incapazes! E isto entranha-se debaixo da pele! Habituamo-nos ao conformismo... Que se alarga a vários sectores da nossa vida... E hoje só me interessa a vertente emocional. 

Dando um exemplo prático: à muitos anos atrás, num dos meus primeiros empregos, estamos todos à mesa e em conversa a minha colega conta como a patroa lhe dizia no início do namoro que ela não amava o rapaz... A moça respondia sempre com imenso ênfase que estava perdida de amores por ele... Passado uns tempos a resposta alterou-se :"Uma pessoa habitua-se D. XXX." Fiquei chocada, mas para a mocita o facto de ter alguém já era muito bom e não havia que ser esquisita!

Por norma imaginamos as cenas de violência doméstica com pratos a voar e se estilhaçarem algures numa parede... a mulher encolhida sobre si mesma enquanto o homem a pontapeteia... mas esta é a violência que dói menos...

Ter alguém que silenciosamente nos despreza é atroz. Sim, nem é necessário abrir a boca. Sentir o desprezo de quem amamos é um duro golpe. O chegar a casa e nem haver jantar, ou já terem jantado porque não apeteceu esperar, ou até não colocar qualquer esmero no cozinhado. 

Haver críticas constantes aos esforços românticos (todos sabemos que os homens podem ser um pouco toscos nas suas tentativas de demonstração de romantismo, mas desdenhar vai causar impacto psicológico...e a pessoa às tantas deixará de se esforçar... pois só recebe patadas como recompensa...). A recusa constante de sexo. Houve algum trauma na vida da mulher que o justifique? Uma gravidez recente e consequante mudança do corpo? Uma tentativa ou consumação de um estupro? Com amor, carinho e paciência estas situações são ultrapassáveis. Não me venham com a conversa de "ahhh..filhos..trabalho..lida da casa...compras..etc"... Nada disto influencia a vida sexual se não deixarmos! Pode ter de se alterar certas rotinas, mas com bom-senso e vontade há sempre tempo para uma "escapadela".  Uma mulher comportar-se na cama com o homem que (supostamente) ama de uma forma fria, distante e às vezes até demonstrando repulsa é um acto de violência! Estas atitudes causam danos emocionais e psicológicos. O Homem pode ser (na maioria das vezes) maior e mais forte fisicamente do que a Mulher. Faz parte da natureza humana. Mas Ele é tão ou mais frágil emocionalmente do que nós! Principalmente porque sempre foi incitado a esconder as suas emoções que demonstrem fragilidade. Se para uma mulher é uma ecatombe aperceber-se (racionalmente) de que o seu parceiro é um agressor, imaginem para um homem! Todos temos o direito de sermos amados! Mas amados de verdade! Uma relação platónica e doentia, que nos faz sentir absolutamente miseráveis e incapazes... lamento...mas não é amor... pode ter sido...um dia... lá longe... Continuar uma vida a dois só porque é mais cómodo, ou se tem medo de chocar amigos, familiares... Mas a vida é deles ou vossa? Ah..pois ..os filhos... Acham mesmo que eles não vêm? Consideram que eles são felizes no meio desse massacre diário? Será que se apercebem do exemplo que lhes estão a dar? Será isso um casamento? Gerir ordenados, casa, colégios, compras, férias..em que todos sorriem e se fingem imensamente felizes para as fotos... e a vida passa... Mas que vida?




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