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sábado, 11 de outubro de 2014

A minha mais longa relação - Parte I


Não sei precisar à quantos anos nos conhecemos. Sei que estava a aventurar-me como acompanhante ainda numa realidade recente. Tive a ideia de mudar a localização do meu anúncio para o distrito onde estava de férias. Foi uma daquelas ideias! Não tinha local onde atender, a disponibilidade era extremamente reduzida… mas logo se veria…
Recebi alguns telefonemas, mas sem local tornava-se complicado… O telefone toca mais uma vez… Do outro lado uma voz nervosa de um jovem iniciante (nas lides, entenda-se). Conversámos um pouco, condições dadas entre risota e a promessa de um novo contacto.
E não é que telefonou mesmo?! Para ele a questão do alojamento não era impedimento, por isso o nosso encontro se tornou possível. Lá lhe dei as coordenadas da cidade onde me encontrava. Mandei-o para uma rua relativamente perto, mas distante o suficiente da minha casa.
Chegou. E só nesta altura fui tomada por um pânico surdo. Apesar de conhecer a cidade, estava fora da minha zona de conforto. Não sabia como seriam os homens desta terra (e arredores). E se não fosse nada como se tinha descrito?  E se fosse mal-educado? E se…? E se…? E se…? Foi com estes temores na mente que saí ao seu encontro. Sem saber que ele também os tinha… Resguardou-se da forma que pôde: deu-me um nome falso, disse que estaria num carro completamente diferente do seu… Tinha receio que eu não viesse sozinha, que as fotos não fossem fidedignas, que não lhe agradasse em termos faciais…
Procuro o carro, e obviamente não o vejo. Chamam-me de outro carro. Sinto-me assustada e observo a rua (quase deserta) com atenção. Olho para dentro do carro e tranquilizo-me. Está sozinho. Entro no carro, cumprimentamo-nos e instala-se um silêncio constrangedor.  Parece que estamos num blind date. Embora nos tenhamos agradado mutuamente, sentimo-nos acabrunhados…
Ele sugere estacionar o carro na avenida principal, para podermos conversar um pouco. Anui. Embora mais calma, a ideia de mais luz e mais pessoas tranquilizou-me. Entabula-mos uma qualquer conversa de circunstância. Temos a mesma idade, por isso a empatia criou-se facilmente. Observamo-nos mutuamente e reparo com mais atenção no seu malandro sorriso. Gosto!
Decididos a seguir em frente, temos de resolver a questão logística… Ora bolas! Pensava que ele já tinha pensado nisso! Conheço (de vista) alguns hotéis, mas estando em época alta de certeza que ultrapassam o orçamento previsto…  Sugiro um pequeno hotel pelo qual passo para ir ao supermercado. E lá vamos nós…
Entramos, já tarde, envergonhadíssimos. Espeto com uma historieta (inventada na hora) ao recepcionista de que somos um casalinho de namorados e temos a casa cheia de família e queremos estar “à vontade”. Entreolhamo-nos numa súbita cumplicidade e enfrentamos juntos o olhar semi-trocista, semi-compreensivo do recepcionista. Informa-nos, com um ar algo pesaroso, que só tem vaga a suite. Encolho os ombros… não posso opinar verbalmente, mas olho para ele com ar de “quero mesmo estar contigo”. Não sei se foi isso que o convenceu, mas juntando o tardar da hora, a nossa falta de conhecimento de outros locais, e decide que ficamos…
A suite tem uma sala com sofá, mesa e um divã (do qual só dei conta na manhã seguinte), um quarto com cama de casal e uma casa-de-banho.
Poiso a mala e encosto-me à mesa. Finalmente sós. Vejo-o avançar timidamente até que se dá um clique e ele me enlaça a cintura, encosta o seu corpo ao meu e os nossos lábios se encontram num encaixe perfeito. Sentindo o centro de mesa a esmagar-se debaixo do meu corpo, sugiro passarmos ao quarto… Desta noite tenho poucas memórias… Sei que nos enrolámos três vezes e que me fartei de resmungar quando a luz da casa-de-banho me encadeou… Demos conta das horas já eram seis da manhã… A noite passou num ápice e chegou a hora de nos apartarmos… Despedimo-nos com sorrisos, beijos e abraços…
Sem que nada o anunciasse, liga-me nesse mesmo dia mais tarde a perguntar se nos podemos encontrar novamente nessa noite. Diz que não lhe saio do pensamento e que adorou a nossa noite. Concordo com o novo encontro e desta feita dou-lhe a direcção da minha casa. Absurdo, eu sei… mas o meu instinto fez-me sentir que podia confiar nele.
À hora marcada apareceu. Ficámos tão felizes. A sensação era a de estar a receber o meu namorado que não via há dias!
Tinha preparado no chão da sala algumas mantas com um lençol por cima e para lá nos dirigimos…sedentos um do outro… Nessas duas semanas de Verão estivemos juntos cinco vezes. Fora os telefonemas e mensagens. Acabadas as minhas férias, volto à rotina e esta aventura fica na memória como isso mesmo… Sinceramente não me recordo se trocámos muitas ou poucas mensagens nos meses frios. Sei que lhe mandei uma mensagem a dizer que iria voltar e o entusiasmo dele foi surpreendente e contagiante. Mal podia esperar por lhe colocar novamente os olhos e as mãos em cima. Por esta altura já o deixava passar ao quarto, onde passávamos noites tórridas que invariavelmente acabavam com a aurora a entrar pelas frinchas da janela. Anunciando a urgência da sua partida.
Com o passar dos anos criou-se uma estranha relação. Ansiávamos pelo Verão, embora nos comunicássemos o resto do ano. Falávamos do meu trabalho, da sua namorada, de objectivos de vida, gostos musicais… Tivemos situações divertidíssimas: desde termos ido no carro até uma falésia (queríamos uma vista bonita) e terminados, ambos exaustos com as cabeças fora das janelas, completamente nus…eis que…surge a Polícia Marítima! Nem me mexi! Aliás nenhum de nós o conseguiria nem que quisesse!!! Peço-lhe para me alcançar a minha blusa e os seus boxers. Coloco a blusa em cima de mim e digo-lhe para fazer o mesmo com os boxers. “Pronto. Estamos vestidos!” – exclamo. A Polícia passa ao largo, verifica que está tudo bem e segue o seu caminho. Assim que se afastam fartamo-nos de rir da nossa figura.
Noutra noite embirramos em ir para a praia. Vamos ver as estrelas e ouvir o mar. Devemos ter escolhido uma das noites mais movimentadas! Desde pessoas a passearem os cães, a grupinhos estridentes de jovens, a pescadores de lulas, mas lá encontrámos um pedacinho de areia que nos pareceu isolado. Enrolados na areia, embalados pelo suave rebentar das ondas entretemo-nos nos preliminares e alheamo-nos do mundo. Às tantas olhamos para a beira-mar e damos conta que algum pescador passou a poucos metros de nós! A prova: várias canas de pesca espetadas na areia à beira-mar, uma das quais mesmo à nossa frente. Fartamo-nos de rir, meio envergonhados e conclui-mos que o melhor é irmos para dentro de casa.

Tivemos uma outra aventura na praia. Tinha-mos ido à discoteca e na volta passamos pela praia e vemos lá umas barraquinhas bem convidativas. Enfiamo-nos dentro de uma pois estamos cheios de tesão. Na discoteca a minha diversão tinha sido dançar encostada a ele, deixando-o entusiasmado. Afastava-me para o deixar arrefecer e depois encostava-me de novo. O rapaz estava absolutamente em brasa. E eu também. Mas já havia demasiada claridade para podermos estar no carro, daí a dita barraquinha parecer caída do céu. Como ainda estava frio da geada matinal não nos despimos completamente. Eu estava sentada em cima dele e as nossas mãos percorriam o corpo um do outro por baixo da roupa. Estamos quase num êxtase em que nem frio sentimos e um homenzinho abre a cortina pedindo desculpa. Apanhámos um valente susto! Respondendo que saíamos de seguida. Concluímos que apesar de o senhor tomar conta daquilo, já nos deveria ter visto e deu algum tempo a ver se me via nua. Com esta demos por findadas as nossas tentativas de aventura na praia. Nessa noite ficámos a seco. Mas a nossa cumplicidade não nos permitiu afobarmo-nos com isso. Estas pequenas aventuras apenas nos uniam mais.

5 comentários:

  1. "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."
    frase de Carlos Drummond de Andrade

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  2. Relação puta-cliente? Ou amorosa? Tenho grande curiosidade em saber se as putas namoram? Se existem homens que aceitem namorar com putas?..

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  3. No meu conceito puta é uma gaja que anda a deitar-se com todos e qualquer um de graça...ou por uns copos... Eu e as minhas colegas somos acompanhantes, massagistas ou até prostitutas se assim nos quiserem chamar, mas não putas!
    E sim as acompanhantes têm vida para além do trabalho. Muitas têm namorado ou marido, e hoje em dia a maioria deles sabe...
    O rapaz deste post...saberás o que foi quando eu publicar o resto...

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  4. Há já algum tempo que sigo este blog, como qualquer outro expressa a opinião e histórias do seu autor, nesta caso autora, com um conteúdo muito “suis generis”, permitindo-lhe aceitar comentários.
    A vida faz-nos amadurecer, com todos os seus acontecimentos positivos e negativos, marcando o nosso carater, o que me leva a concluir que o ser humano é um estranho ímpar.
    Tudo isto porque o seu preconceito e falta de maturidade, fá-lo perder excelentes oportunidades de estar com outro.
    Tem o hábito de julgar os outros pelo que fazem ou faziam (provavelmente porque as suas vidas são despojadas de qualquer conteúdo e assim falam da vida dos outros), sem se preocupar que talvez, apenas por falta de sorte ou que em determinado momento da vida o outro escolheu um caminho, que presumiu ser na altura a melhor opção.
    As pessoas têm por costume julgar os outros e muito medo do que os outros pensam de si, o que inevitavelmente os priva de muitas boas e também más oportunidades.
    Não sei dizer qual o motivo que a levou a esta ocupação, é apenas um trabalho, o seu, assim como as suas colegas.
    Se não roubam, não andam metidas em vidas obscuras, não causam problemas na vida de ninguém, por que razões não têm o direito de ser feliz e fazer alguém feliz?
    Obviamente, cada um tem direito á sua opinião e a minha, vale o que vale.
    No entanto as surpresas acontecem quando menos esperamos.

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    1. Cada uma arranja um modo de ser feliz à sua maneira... E às vezes o inesperado acontece... Sabermos aproveitar ou não, depende exactamente da maturidade do momento..Mas já a sabedoria popular o diz : o que tiver de ser, será... ;)

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